quarta-feira, 1 de agosto de 2012


Bibiana Graeff e Maria Luisa Bestetti, em entrevista concedida ao site Zero Hora, listaram cinco propostas para as cidades se prepararem para o envelhecimento da população nas próximas décadas. Gestores públicos e profissionais ligados a cada assunto comentam as sugestões, apresentando a situação atual e as providências que ainda precisam ser tomadas.

Maria Luisa Bestetti, doutora em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP), é especialista em gerontologia ambiental. Bibiana Graeff é doutora em Direito pela Université Paris Panthéon-Sorbone e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), ministra a disciplina de Direitos Humanos e Envelhecimento no curso de Gerontologia da USP.
 

1. Incluir lições de gerontologia nas escolas
Inserir conteúdos de gerontologia no ensino fundamental das escolas públicas e privadas, esclarecendo as características do ciclo de vida e os efeitos naturais do envelhecimento ajudaria a reduzir os preconceitos e os mitos sobre a velhice.
— Abordando esses temas na infância, formaremos cidadãos mais conscientes sobre os direitos e deveres de todos, respeitando limites e diferenças — considera Maria Luisa.
Jose Clovis de Azevedo, secretário estadual de Educação: "Essa preocupação é justa. Estamos vivendo um processo de envelhecimento e uma das funções da educação é discutir os problemas da sociedade. Não seria o caso de criar uma disciplina para tratar do envelhecimento, mas abordar essa problemática de forma interdisciplinar, colocando as questões etárias nas aulas de biologia, de história, em todos os campos. Acolhemos a sugestão e acreditamos que a Secretaria de Educação pode enfatizar mais essa questão no currículo de todas as áreas do conhecimento."
2. Fortalecer os conselhos municipais e estaduais do idoso
Para Maria Luisa, estabelecer um programa de capacitação em gerontologia para funcionários públicos transformaria os relacionamentos entre Estado e cidadãos, melhorando inclusive a produtividade dos funcionários por tomarem consciência da necessidade de prevenção quando se deseja qualidade de vida.
A proposta é reforçada por Bibiana, que sugere implementar, capacitar e fortalecer, com recursos humanos e materiais, os conselhos municipais e estaduais do idoso, para que possam, em articulação com outras entidades, como o Ministério Público, exercer efetivo controle sobre as políticas públicas de interesse para o idoso.
Leonildo José Mariani, presidente do Conselho Estadual do Idoso: "Sintonizamos com as propostas no sentido de uma dedicação rápida e forte para a capacitação de servidores públicos e recursos humanos em geral em gerontologia. A grande meta do Conselho Estadual do Idoso é a implantação de Conselhos Municipais do Idoso em todos os municípios do Rio Grande do Sul. A tarefa não é pequena, pois hoje existem aproximadamente 100 municípios com Conselho Municipal. Portanto, há mais 400 por serem criados. Conselheiros, gestores e cuidadores são capacitações fundamentais."
3. Criar meios para substituir os cuidadores originais
A longo prazo, há necessidade de criar equipamentos de apoio social que suportem as necessidades de idosos com dependências, seja no seu cuidado diário seja na necessária atenção ao lazer, cultura e convivência social.
— Os cuidadores originais estão diminuindo, pois as pessoas têm menos filhos ou estão comprometidas com carreiras profissionais, o que acarreta a necessária oferta de alternativas que poderão, inclusive, reduzir custos desnecessários com atendimentos emergenciais em saúde e conflitos intergeracionais, resultando em garantia de justiça social — observa Maria Luisa.
Nesse sentido, Bibiana destaca que é importante não apenas regulamentar a profissão de cuidador de idoso, mas igualmente estimular a necessária especialização de profissionais em gerontologia.
Newton Terra, geriatra, diretor do Instituto de Geriatria da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e coordenador do curso de formação de cuidadores: "A Organização Mundial da Saúde e a Organização Panamericana da Saúde vêm enfocando a atenção ao idoso e a formação de profissionais para o cuidado gerontológico. Com a expectativa de vida avançando, o número de filhos por mulher caindo, o cuidado especializado ao idoso será cada vez mais necessário. No Brasil, a profissão de cuidador ainda não está regulamentada, mas o processo para regulamentação já foi aberto. Hoje, a categoria faz parte do Cadastro Brasileiro de Ocupações. A falta da regulamentação, no entanto, favorece a atuação de muitos cuidadores informais e dificulta a padronização da formação desses profissionais."
4. Investir em acessibilidade urbana
Nas cidades, os semáforos são normalmente regulados para atender a uma velocidade de passo de 1,2m/s e a velocidade média da caminhada de um idoso é de 0,4m/s, aponta Maria Luisa. Outro exemplo de adequação urbana citado pela pesquisadora é equipar pontos de ônibus com assentos adequados para atender a um público com diminuição da mobilidade e da força física devido ao avanço da idade. Orientação visual, tátil e sonora também são elementos importantes por causa da baixa acuidade visual e auditiva características da velhice.
— É preciso garantir uma melhor circulação nos espaços públicos e privados, através do incremento e da melhoria dos transportes públicos, e da implementação do desenho universal para garantir a acessibilidade — concorda Bibiana.
Vanderlei Luis Cappellari, secretário de Mobilidade Urbana de Porto Alegre: "Porto Alegre é uma das poucas capitais que garantem a isenção nos ônibus não só a partir de 65 anos, mas também entre 60 e 64 anos para quem tem renda de um a três salários mínimos. Além disso, os idosos têm tratamento igualitário no interior dos ônibus, usando o cartão TRI para passar a roleta. Outras medidas importantes são os semáforos com contagem regressiva para pedestres, atualmente, são 186 equipamentos em vias de intenso fluxo, que ajudam os idosos a planejar suas travessias, e também os abrigos do tipo Parada Segura, que são 380 modelos, com bancos. Para os condutores da terceira idade, há vagas exclusivas na área azul. Essas e outras ações seguirão sendo realizadas pela EPTC para garantir a segurança e a comodidade aos idosos."
5. Pensar arranjos habitacionais para o envelhecimento
Bibiana destaca a necessidade de garantir a moradia digna para todos, pensando em arranjos habitacionais que garantam a convivência e a solidariedade intergeracional, e aportando melhorias para as habitações precárias, especialmente em matéria de saneamento básico. Trabalhadores assalariados que necessitam sobreviver com uma aposentadoria restrita, deveriam ter escolhas para moradias mais racionais e adequadas aos seus orçamentos.
— Moradias assistidas para idosos, que não se pareçam com os antigos asilos como ainda encontramos frequentemente, devem ser propostas para as diversas classes sociais — defende Maria Luisa.
Eduardo Sabb, psiquiatra, membro do departamento geriátrico do Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (Sindihospa): "As instituições de longa permanência para idosos passaram a oferecer infraestrutura e assistência especializadas no conforto, bem-estar e segurança dos idosos, e tem sido cada vez mais comum o próprio idoso sugerir, pesquisar e visitar as casas geriátricas para sua moradia. No entanto, há um problema financeiro que precisa ser equacionado. Os investimentos para promover a qualificação dos serviços e cumprir a legislação implicam elevadas despesas financeiras, tributárias e operacionais, resultando em custos finais que tendem a não caber no orçamento de todas as classes sociais. Há muito pouco movimento das instituições governamentais em incentivar e viabilizar o encontro desses interesses. Temos ainda um grande vácuo a ser enfrentado na questão do envelhecimento, um grande desafio que não pode mais ser deixado para depois."

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Atuação do fisioterapeuta no contexto hospitalar



Um texto bem interessante sobre a atuação do fisioterapeuta inserido do contexto hospitalar, vale a pena ler!
Os principais objetivos da atuação do fisioterapeuta em um hospital são os de minimizar os efeitos da imobilidade no leito, prevenir e/ou tratar as complicações respiratórias e motoras. Bem como promover integração sensória motora e cognitiva.
O paciente seja ele clínico ou cirúrgico pode apresentar-se em diversas condições de saúde, com isso, conforme as necessidades apresentadas pela criança prioriza-se determinadas técnicas, visando maior efetividade nas condutas e na utilização dos recursos disponíveis. Dessa maneira participa-se ativamente na recuperação do paciente, e conseqüente redução no seu período de permanência de internação hospitalar.
Como conseqüência da imobilização, o pacient e torna-se descondicionado, o que reduz sua capacidade de executar exercício aeróbico diminui sua tolerância aos esforços e pode comprometer o desmame de pacientes submetidos a períodos prolongados de ventilação mecânica. A imobilização mais a incapacidade de deslocar secreção pulmonar adequadamente favorece complicações respiratórias como atelectasias, pneumonias, às vezes necessitando de intubações e traqueostomias. A fisioterapia está indicada objetivando higiene brônquica, melhora da oxigenação, além da melhora da mecânica respiratória.
O prolongado tempo de internação, posicionamento inadequado com falta de mobilização predispõe a modificações morfológicas dos músculos e tecidos conjuntivos. Em alguns casos encontramos: alterações no alinhamento biomecânico, comprometimento de resistência cardiovascular, que ocorrem em exigências funcionais para realização de movimentos coordenados. Evoluindo com contraturas articulares, diminuição do trofismo e força muscular, e aparecimento de úlceras de pressão. O fisioterapeuta atuando sobre os efeitos deletérios da hipo ou inatividade do paciente acamado no âmbito hospitalar contribui na redução da taxa de mortalidade, taxa de infecção, tempo de permanência na UTI e no hospital, índice de complicações no pós-operatório.
Um outro fator essencial à criança é a estimulação adequada, pois o seu desenvolvimento está diretamente relacionado ao conhecimento adquirido através da vivência e experiência cotidiana, assim os diversos problemas vivenciados pela criança influem diretamente em seu bem estar presente e futuro.
É fundamental que o fisioterapeuta além da preocupação quanto a melhora da capacidade respiratória e motora, estimule os sistemas vestibular, auditivo, visual, tá ctil e proprioceptivo. Também orientar os pais em observar melhor seus filhos, chamando atenção nos gestos destas crianças, procurando resgatar: movimentos adequados com maior eficiência, favorecendo maior movimentação e promovendo o desenvolvimento da percepção espacial, consciência corporal, exploração do ambiente e interação social. Objetivando a incorporação destas combinações a vida cotidiana, antes que os modelos anormais se fixem.
Isso mostra a importância da intervenção precoce, orientando pais e a equipe multiprofissional, promovendo assim, um intercâmbio de informações dentro das unidades hospitalares com o intuito de sensibilizar a equipe em fazer a prevenção, cada qual em sua área, criando agentes mediadores, multiplicadores de informações, conceitos e metas em diversas especialidades, aumentando a abrangência dos programas de saúde, educando e informando os grupos de atendimento.
Interagir respeitando as características individuais através de um atendimento globalizado, sabendo-se que cada ser reage à mesma situação de maneira diferenciada, reconfortando o paciente e a família.

Autora : Fisioterapeuta Sandra Aiko Omori Sakuma

quinta-feira, 15 de setembro de 2011


 
Os idosos que sofrem fraturas do fêmur ficam com muitas sequelas. Atualmente ocorrem mais de 2 milhões de fraturas de fêmur em idosos com osteoporose por ano, sendo que 15 % deles vêm a falecer nos primeiros 30 dias e 50 % deles jamais voltam a caminhar.

Estamos sempre ocupados com os problemas do dia a dia. Eventualmente podemos ser pegos de surpresa e no caso de uma emergência o pânico pode aparecer.
Segundo pesquisas norte-americanas, 30% das pessoas com mais de 65 anos caem ao menos uma vez por ano durante atividades cotidianas como subir e descer escadas, ir ao banheiro ou trabalhar na cozinha. Vale aqui salientar que a grande maioria destas quedas ocorre dentro de casa.
A causa das quedas é multifatorial, dependendo tanto de fatores intrínsecos relacionados ao envelhecimento, como fatores externos, ligados ao ambiente. Grande parte dessas quedas se deve aos déficits de equilíbrio, força muscular, tempo de reação e flexibilidade e capacidade, que podem ser trabalhadas em programas de exercícios físicos de forma a reduzir a incidência dos acidentes.

A diminuição da massa muscular com o avanço da idade é um dos principais fatores de risco para quedas. A redução da força nos membros inferiores associa-se à incapacidade de levantar-se, ao aumento da instabilidade, à redução de amplitude da passada e da velocidade de andar, fatores que aumentam o risco de acidentes.

Dessa forma, o treinamento de força tem sido cada vez mais indicado para idosos, como uma maneira segura e eficaz de combater essas perdas. O controle postural também é significantemente influenciado por experiências prévias. Sendo assim, o treinamento do equilíbrio em programas de exercícios físicos também pode trazer bons resultados. 
Sabemos que uma parte das perdas físicas e neuromotoras em idosos são consequências do tédio, inatividade e atrofia provocada pelo desuso e sedentarismo. Muitos são os motivos que levam à não adesão dos idosos aos programas de exercícios físicos. Dentre eles estão às condições de saúde, escassez de equipamentos apropriados, falta de oportunidades ou desconhecimento sobre os benefícios dessa prática no processo de envelhecimento.

Por esses motivos, acreditamos na importância de uma maior divulgação sobre a grande melhora na saúde das pessoas envolvidas em práticas de atividades físicas. Não é necessário frequentar academias de ginástica, e nem equipamentos sofisticados para tal.

Uma caminhada no parque, seguida de alongamentos e exercícios que trabalhem a propriocepção, trarão amplos benefícios, desde que acompanhados por um bom profissional da área de educação física.
Esperamos com essa iniciativa, contribuir para que os idosos também passem a praticar exercícios físicos, tão importantes para reduzir ou até curar problemas de saúde que comprometam a qualidade de vida dessas pessoas. 

Fonte: Site faça fisioterapia

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Crianças com distúrbios do labirinto
têm comprometimento cognitivo e isolamento social

                                                                                                                 No mês em que se comemora o Dia das Crianças, o Ambulatório de Vertigem da Infância do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da USP,  chama a atenção para os problemas de tontura ou desequilíbrio, provocados por distúrbios do labirinto,  que acometem  crianças e podem desencadear comprometimento cognitivo e isolamento social.

Segundo o otorrinolaringologista Ítalo Medeiros, chefe do ambulatório, a criança com distúrbios do labirinto tem baixo rendimento escolar, se queixa de dor de cabeça, tem dificuldades de brincar com outras crianças, vomita com facilidade ao andar de carro, tem alterações no sono (tipo terrores noturnos) e até faz xixi na cama porque não consegue levantar à noite para ir ao banheiro, com medo da tontura.

No Brasil não há dados a respeito da incidência da doença. Na maioria dos casos, o distúrbio é subestimado pelos médicos pela dificuldade de diagnóstico, sendo atribuídos os problemas a distúrbios neurológicos ou psicológicos, explica o médico.

 A família também não costuma levar a sério as queixas da criança, principalmente quando ela é muita pequena e não consegue se expressar. Muitos acham que é “frescura” outros tratam a criança como distraída ou tonta porque o desequilíbrio faz com que ela esbarre com facilidade nas coisas.

HC trata doença com exercícios
No Hospital das Clínicas o tratamento, na maioria dos casos, é feito por meio de   exercícios que estimulam a visão, o sistema osteomúsculo articular (pescoço e membros) e o labirinto. São atividades repetitivas de olhos, cabeça, fixação do olhar e marcha, indicadas duas vezes ao dia, com freqüência de 10 vezes cada um, durante um período de dois a três meses.

 
“A terapia é lúdica, é inofensiva e a criança aceita o tratamento como se fosse uma brincadeira: a brincadeira de se equilibrar”, explica Ítalo Medeiros. 

Outra vantagem é que a terapêutica isenta a criança de tomar medicamentos, com sérios efeitos colaterais, como sonolência e diminuição de atenção,  indesejáveis nesse período crítico da formação intelectual dos pequenos.
Primeiro a criança passa por uma avaliação e por exames otoneurológicos,  incluindo a eletronistagmografia: teste que estimula o labirinto com jatos de água morna e fria no ouvido. Confirmada a patologia, a criança é ensinada a executar os exercícios.

A resposta ao tratamento é certificada com a Postugrafia Dinâmica Computadorizada – PDC – exame utilizado para avaliação quantitativa geral do equilíbrio. O aparelho fornece  informações sobre a integração dos sistemas labiríntico, visual e somatossensorial. As respostas são captadas por uma plataforma equipada de sensores de pressão e registradas por um sistema computadorizado.

Assessoria de Imprensa – CCI
Instituto Central do HC
Bete Subires

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Ótimo artigo sobre alinhamento da cabeça em pacientes com hipofunção vestibular unilateral

Head and shoulder alignment among patients with unilateral vestibular hypofunction
Adamar N. Coelho Júnior, Juliana M. Gazzola, Yeda P. L. Gabilan, Karen R. Mazzetti, Monica R. Perracini, Fernando F. Ganança
 

Objetivos: Avaliar o alinhamento de cabeça e ombros de pacientes com hipofunção vestibular unilateral (HVU) por meio da biofotogrametria computadorizada e associar esses dados com gênero, idade, tempo de evolução clínica, autopercepção da intensidade de tontura e ocorrência de quedas. Métodos: Trata-se de estudo transversal em que 30 indivíduos com HVU e 30 indivíduos com função vestibular normal e sem queixa de tontura foram submetidos à biofotogrametria computadorizada. Foram registradas imagens em vistas anterior, posterior, laterais direita e esquerda em ortostatismo. O programa Alcimage® 2.0 foi usado para avaliar três ângulos que permitem verificar anteriorização e inclinação da cabeça e alinhamento dos ombros. Os grupos foram pareados por idade, gênero e estatura. Para a análise estatística, realizaram-se os testes de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis, seguidos do teste de Dunn e Coeficiente de Correlação de Spearman. Resultados: Pacientes com HVU apresentam maiores valores para os ângulos de anteriorização (55,44±16,33) e de inclinação lateral da cabeça (2,03±1,37) quando comparados aos indivíduos normais (34,34±4,60 e 1,34±1,05, respectivamente), com diferença estatisticamente significante (p<0,001). O aumento da anteriorização e da inclinação lateral da cabeça do grupo de indivíduos com HVU foi de 38,05% e 33,78% respectivamente. A anteriorização da cabeça foi associada com o tempo de evolução clínica da doença vestibular (p=0,003) com a idade (p=0,006), com a intensidade da tontura (p<0,001) e com a ocorrência de quedas (p=0,002). Conclusão: Pacientes com HVU apresentam maior anteriorização e inclinação lateral da cabeça. A anteriorização da cabeça aumenta com a idade, com o tempo de evolução clínica, maior auto-percepção da intensidade da tontura e nos pacientes que relataram quedas.
 
 
 
Palavras-chave: doenças vestibulares; tontura; postura; avaliação; fotogrametria
 
Para saber mais, acesse: Rev Bras Fisioter, São Carlos, v. 14, n. 4, p. 330-6, jul./ago. 2010  http://www.scielo.br/pdf/rbfis/v14n4/aop022_10.pdf

terça-feira, 14 de junho de 2011

Wii Reabilitação: Nova e útil ferramenta da fisioterapia!

A Reabilitação vestibular (tonturas, vertigens) ou demais disfunções do equilíbrio que envolvam nosso gestor o "labirinto" pode ser muito divertida e eficaz ao mesmo tempo utilizando o videogame.
O Nintendo Wii veio também para reforçar o arsenal de técnicas que podem ser usadas pela fisioterapia para tratamentos tanto de origem vestibular, quanto de disfunções neurológicas resultantes de AVCs ou de origem traumáticas.
A "Wii reabilitação" já é uma técnica que se mostra cada vez mais eficaz e merece destaque.
Os vídeos expostos acima são muito interessantes e mostram mais essa novidade que a fisioterapia faz uso para recuperar, prevenir e reforçar o equilíbrio que tanto é necessário para uma boa qualidade de vida dos brasileiros.

Autor: Luiz Carlos Veríssimo da Silva

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Entenda os riscos do paracetamol

Pesquisa divulgada pela revista científica New Scientist alerta sobre os riscos que o paracetamol traz para a saúde depois que foi divulgado que o analgésico se tornou a principal causa de insuficiência hepática nos Estados Unidos. O estudo mostra que a proporção de problemas no fígado causados pelo medicamento chegou a 51% do total em 2003. Em 1998, esta proporção era de 28%.

Os cientistas americanos responsáveis pelo estudo chegaram à conclusão de que 20 comprimidos de paracetamol por dia são suficientes para causar insuficiência hepática e levar à morte - a dose máxima recomendada é de oito.

Em entrevista ao UOL News, o toxicologista Anthony Wong, do Centro de Assistência Toxicológica do Hospital das Clínicas, deu uma aula sobre o que se deve e o que não se deve fazer no uso do paracetamol, admitiu não saber por que o remédio ainda continua no mercado e explicou que a dosagem perigosa varia de pessoa para pessoa.

"A quantidade de comprimidos é altamente variável. Só aqui no Brasil tem comprimido de 750mg. Na Inglaterra só tem de 500mg e de 360mg. Nos Estados Unidos existem comprimidos de até 1g, mas isso ainda é muito restrito. Nos Estados Unidos, inclusive, já há restrições, com advertência de caixa preta, para que as pessoas não tomem paracetamol com bebida alcoólica. Se tomar mais de 3 doses de bebida alcoólica não pode tomar paracetamol."

Ainda sobre a dosagem, lembrou: "20 comprimidos é uma dose média, mas há pessoas que já tiveram falência hepática tomando 8 comprimidos de 500mg, que dá 4g. É importante salientar que a máxima diária são 4g de paracetamol, desde que não tenha álcool, problema hepático ou o paciente não esteja tomando um outro remédio."

Nada de paracetamol na ressaca
Ele contou que a velha prática de tomar um comprimido com paracetamol em dias de ressaca para combater a dor de cabeça deve ser completamente abolida da vida das pessoas. "É uma boa advertência para essa época de natal e ano novo. Não se pode tomar um porre e depois tomar paracetamol, pois pode causar lesão hepática fulminante mesmo em doses menores do que 20 comprimidos. Também não pode tomar aspirina, porque ela aumenta o sangramento gástrico."

Para Anthony Wong, a pesquisa vem numa boa hora. "É importante e muito bem-vindo o alerta, porque os americanos e principalmente os brasileiros tomam remédios como se fossem 'M&Ms'. Não pode." Ele contou que nos Estados Unidos, além da morte causada por falência hepática, o paracetamol é a principal causa de morte por intoxicação de todos os remédios que existem no país."

"Então por quer ainda está no mercado?", perguntou a jornalista. "Nos Estados Unidos tem um forte trabalho de marketing em cima do FDA. Já na Europa há muitas restrições. Na Inglaterra, por exemplo, só se pode comprar uma caixa por mês."

Segundo o médico, febre muito alta, jejum prolongado ou vômito prolongado em crianças ou adultos são muito perigosos. "Isso esfolia a pessoa de radicais que são necessários para neutralizar o paracetamol."

O efeito no fígado
Segundo o médico, o efeito do paracetamol no fígado é tardio. "Depois de 12 horas a pessoa começa a sentir náuseas. Depois de 24 horas começa a ter dor de cabeça muito forte por causa da lesão do fígado. E aí não adianta dar nada, porque o antídoto só funciona, na melhor das hipóteses, antes de 24 horas. Depois disso é muito tarde."

Ele contou que há 3 anos saiu na Pediatrics um estudo alertando para esse efeito, dizendo que uma criança que tomou paracetamol e está vomitando poderia estar com overdose de paracetamol. "E tanto é verdade que muitos centros já aplicam um antídoto quando uma criança que tomou paracetamol é atendida e a mãe não sabe dizer qual foi a dose. Depois fazem a dosagem. Se for baixa, suspendem o antídoto."

O paracetamol e a febre
Anthony Wong lembrou que vários antigripais contêm paracetamol. Lillian pediu para o médico citar alguns nomes-fantasia para que as pessoas pudessem saber de que remédio estão falando. Citou como alguns exemplos Tylenol, Naldecon, Cheracap, Cedrin e Dimetap. "Quase todos os antigripais têm paracetamol e muito facilmente causam overdose."

O especialista explicou que não se deve nunca começar um tratamento de gripe com aspirina. "Motivo: existe uma doença chamada Síndrome de Reye, que causa a destruição fulminante do fígado se a pessoa tomar aspirina e tiver propensão genética de destruição maciça no fígado." Ele contou que essa advertência sobre o uso da aspirina foi feita no fim da década de 70, começo da década de 80.

"Quando saiu essa advertência, a incidência de Reye nos Estados Unidos era mais ou menos de mil casos por ano. Praticamente 95% das pessoas morriam. No Brasil não era muito menor. Depois da advertência, o número de casos caiu para 25 ao ano. Isso demonstra que existe uma associação causal com uso da aspirina."

Alternativas
O médico deu algumas alternativas ao paracetamol. "Tenho uma certa preferência pela dipirona (novalgina), mas o ibuprofeno (advil para adulto e alivium para criança), que está entrando agora no mercado, é bastante seguro." Wong lembrou que nem a aspirina nem o paracetamol podem ser ingeridos em casos de dengue. O primeiro porque causa sangramento e o segundo porque ataca o fígado.

Sobre reação anafilática, Wong explicou que independe do medicamento. "Pode acontecer com qualquer remédio, desde dipirona, pinicilina (o mais comum de causar alergia), ácido acetilsalicílico, até picada de abelha. A dica é: evite ao máximo tomar remédio. Se precisar, tome com cautela, com cuidado, mesmo que seja a 1/10 de vez que estiver tomando aquele remédio."

O paracetamol e a estatina
A jornalista Lillian Witte Fibe perguntou a ele se é perigoso misturar o paracetamol com a estatina, que é usada para o controle do colesterol. "Ainda não foi demonstrada uma associação entre os dois. Parece que atuam em lugares diferentes dentro da célula hepática. Sabemos que alguns antibióticos, como a rifampicina, usada para tuberculose, e também alguns antibióticos da linha do cipro podem se associar ao paracetamol e provocar uma lesão de fígado."

Fonte: UOL NEWS